Shirley Maria – Língua Portuguesa

A reforma da Língua Portuguesa

O acordo ortográfico firmado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 1990, que visa a unificar a escrita do português nos países que o adotam como língua oficial (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e, mais tarde, Timor Leste), tem a intenção manifesta de aproximar as culturas desses países, já que segundo Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras, “hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com grafia de Portugal e do Brasil.”[1]. Por esse aspecto, o conservadorismo linguístico, é ilógico, por outro lado, não.

Percebe-se que à medida que se renuncia às regras, faz-se opção pelo simplório, ou seja, rebaixam-se as exigências para atingir índices robustos de escolarização. Entretanto, dominar a norma culta de um idioma é garantia de sucesso para profissionais de todas as áreas: vocabulário e habilidade de comunicação resultam em ascensão profissional e ganhos salariais – é o que revela um estudo feito em 39 empresas americanas[2].

A nossa forma de expressão tem sua história, que é praticamente cúmplice de cada cultura. De acordo com Mautner[3], “estudar gramática é pensar frases ou orações (…) é pensar sobre o que está sendo dito. (…) Fazer análise sintática, morfológica ou lógica é criar comunicação independentemente de motivação ou de emoção”. É um exercício que permite “o distanciamento necessário da linguagem para melhor dominar tanto a fala quanto a escrita”. Essa percepção faz crescer a consciência de que a língua bem falada, protegida por norma culta, é ferramenta da cultura, “garantia” de interpretação de textos a partir do conhecimento da organização da linguagem – o que garante melhor treino de raciocínio, logo, de uma boa colocação no mercado de trabalho.



[1] TÓFOLI, Daniela. Brasil se prepara para reforma ortográfica. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 set. 2007. Caderno cotidiano, p. C1-C2.

[2] Fontes: Johnson O’Connor Research Foundation e Paul Nation.

[3] MAUTNER, Anna Verônica. Gramática: o chato que é bom. Disponível em http://www1.fola.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1309200713.htm. Acesso em 13 set. 2007.