Shirley Maria – Língua Portuguesa

CONCEITOS GRAMATICAIS: língua, linguagem, raiz, radical, afixos, morfema, morfema zero e alomorfe

Este trabalho foi proposto aos alunos do primeiro período do curso de Letras da Universidade Federal (FALE) de Minas Gerais, da disciplina Gramática Tradicional, sob minha orientação, com o intuito de analisar diversas gramáticas para pesquisar os seguintes conceitos: língua, linguagem, raiz, radical, afixos, morfema, morfema zero e alomorfe.

São apresentados os resultados dos trabalhos dos discentes e os respectivos gramáticos pesquisados, entretanto, nem todos os autores selecionados conceituam os tópicos destacados.

Tópicos gramaticais

Gramática de Evanildo Bechara

Discentes: Ana Helena Rebouças Rosa, Lorraine Magalhães Rodrigues, Mariana Ferreira de Souza, Tainá Marcelle Silva Moreira e Vitor Filogônio de Souza

Conceitos

LÍNGUA

“O conjunto sistêmico de atos linguísticos comuns considerados idênticos realizados numa comunidade linguística e por ela comprovada na consciência de seus falantes  (…) se acha delimitado por uma linha ideal, imaginária, isoglossa, de modo que se pode definir língua: um sistema de isoglossas comprovado numa comunidade linguística”. (1999, p. 31)

Isoglossa = Linha imaginária que, numa região determinada, une os pontos de ocorrência de traços e fenômenos linguísticos idênticos.

LINGUAGEM

“Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência”. (1999, p. 28)

RAIZ

“Chama-se raiz, em gramática descritiva, ao radical primário ou irredutível a que se chega dentro da língua portuguesa e comuns a todas as palavras de uma mesma família”. (1999, p. 341)

Ex: reg- em reger, régua e regular

RADICAL

“Radical é o núcleo onde repousa a significação externa da palavra, isto é, relacionada com o mundo em que vivemos.” (1999, p. 337)

Ex: alunas (radical: alun-), trabalhávamos (radical: trabalh-)

AFIXO

“Prefixos e sufixos recebem o nome de afixos; são prefixos os afixos que se antepõem ao radical, e sufixos os que lhe pospõem.” (1999, p. 339)

Ex: suavemente (-mente = sufixo), refazer (re- = prefixo)

MORFEMA

“Chama-se morfema a unidade mínima significativa ou dotada de significação que integra a palavra”. (1999, p. 334)

MORFEMA ZERO

“Consiste o morfema zero na ausência de uma marca de oposição gramatical em referência a outro termo marcado”. (1999, p. 347)

Ex: alto/altos “a noção de número plural, inerente à classe dos nomes, se acha marcada pelo pluralizador –s, enquanto a noção de singular está marcada pela ausência de uma marca”.

MORFE

O conceito não é trabalhado pelo autor.

ALOMORFE

“A forma livre ‘caber’ (em descaber) apresenta, por exemplo, uma variante mórfica presa ‘-ceber’ (em receber, perceber, etc.).

Tais variantes se chamam, à semelhança dos alofones, alomorfe.” (1999, p. 344)

Ex: chapéu e chapel- (em chapelaria)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1999.

Gramática de Manuel Said Ali

Discentes: Aléxia Prado, Ana César, Juliana Lima, Juliana Matos e Lívia Renhe

Conceitos:

LÍNGUA

Aquele dialeto que, entre outros muitos usados no mesmo país, se preferiu empregar como linguagem de chancelaria, servindo para escritura de todos os documentos oficiais. […] Ao cabo de algum tempo a língua emancipa-se necessariamente do falar regional que lhe deu origem. Dá-se-lhe um caráter de uniformidade, submetendo-a a regras de bom gosto e a normas gramaticais mais fixas.

“Língua vida, imutável, língua que, chegada a um tipo de perfeição modelar, cesse de modificar-se e absorver elementos estranhos ao seu passado, é coisa que não há nem nunca houve.”

LINGUAGEM

É a expressão da nossa inteligência. E a inteligência humana não se petrifica. A linguagem prospera enquanto houver um povo que a use.

Expansão natural do vocabulário em consequência do progresso intelectual e do contato com outras nações.

RAIZ

Parte da palavra que tem a ver com a origem da palavra.

RADICAL

A parte do vocábulo sem desinência é o radical ou tema. É a parte mais ou menos estável e de significação própria.

AFIXOS

Os elementos que se colocam no fim do termo derivante chamam-se sufixos.

Podem-se também criar novas palavras colocando elementos formativos no princípio do vocábulo primitivo. Estas sílabas que se colocam no princípio tomam o nome de prefixos.

MORFEMA

Cada palavra morfologicamente complexa é formada a partir da concatenação de elementos mínimos. Contribuindo cada um desses com o seu significado para a palavra na sua totalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALI, Manuel Said. Gramática Elementar da Língua Portuguesa. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1965.

ALI, Manuel Said. Gramática Histórica de Língua Portuguesa. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1964.

Gramática do Cegalla

 Discentes: Ana Flávia Saldanha, Paula Salles e Yuri Romanelli

 Conceitos:

LINGUAGEM E LÍNGUA

“Linguagem é a faculdade que o homem tem de exprimir e comunicar por meio da fala.” (2008, p. 16)

Língua é o código através do qual um povo exerce a capacidade de linguagem, utilizando um sistema de signos e vocais distintos e significativos.

O autor não se aprofunda nesses conceitos, ambos são propostos apenas na introdução da gramática.

RAIZ

“É o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras.”

“Geralmente monossilábica, a raiz encerra sentido lato e geral, comum as palavras da mesma família etimológica.” (2008, p.91) No português, a maioria das palavras é de origem latina ou grega.

Exemplo: Raiz noc – nocivo, inocente, inócuo.

RADICAL

“É o elemento básico e significativo das palavras.” “Acha-se radical despojando-se a palavra de seus elementos secundários (quando houver).” (2008, p. 91) Em certas palavras o radical coincide com a raiz.

TEMA

“Tema é o radical acrescido de uma vogal (chamada vogal temática).”  (2008, p. 92)

Exemplos: CERT-o, CERT-eza, MAR, CAFÉ-teira.

AFIXOS

São elementos mórficos modificadores de significados, podendo também alterar a classe gramatical. “São elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam um radical ou tema para formar palavras derivadas.” (2008, p. 92)

“Chamam-se prefixos, quando antepostos ao radical ou tema, e sufixos quando pospostos.” (2008, p. 92)

Exemplos: empobrecer, internacional e imperdoável.

MORFEMA

Citado apenas de forma superficial pelo autor. Denominam-se morfemas os elementos mórficos: raiz, radical, tema, afixo, desinência e vogal temática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional. São Paulo, 2008.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional. São Paulo, 1991.